O filme A Maldição da Casa Winchester (2018) traz uma narrativa de terror inspirada na enigmática história real de Sarah Winchester e sua misteriosa mansão, localizada em San Jose, Califórnia. Estrelado por Helen Mirren, o longa explora a obsessão de Sarah em construir e expandir sua casa, acreditando que isso a protegeria de espíritos vingativos das vítimas mortas pelas armas de fogo produzidas pela empresa de seu falecido marido.
Embora o filme dramatize elementos sobrenaturais e mistérios em torno da mansão, a verdadeira história de Sarah Winchester é um retrato bem mais complexo de uma mulher multifacetada e marcada por perdas pessoais. Confira mais detalhes sobre a história por trás do filme bombando na Netflix.
A Maldição da Casa Winchester se inspira em fatos
Na realidade, Sarah Winchester não era apenas uma herdeira rica e reclusa. Ela era uma arquiteta amadora apaixonada, uma investidora imobiliária astuta e uma empresária independente.
Após perder sua filha recém-nascida e, anos mais tarde, seu marido, Sarah herdou uma vasta fortuna de US$ 20 milhões e uma participação lucrativa na empresa de rifles Winchester. Apesar de todo o dinheiro, o luto por essas perdas profundas a levou a deixar Connecticut e se mudar para San Jose, onde comprou uma fazenda e começou sua infame jornada de construção.
Ao adquirir a propriedade em 1886, Sarah começou a transformar a modesta casa de campo de oito cômodos em uma mansão de 24 mil metros quadrados, com 160 quartos, 2 mil portas, 10 mil janelas, 47 escadas e seis cozinhas. Durante 36 anos, a mansão foi continuamente reformada e expandida, resultando em um labirinto de corredores sem saída, escadas que terminam no teto e janelas bloqueadas por paredes. Essa construção interminável alimentou rumores e lendas sobre a sanidade de Sarah e suas possíveis motivações sobrenaturais.
Embora o filme sugira que Sarah estava assombrada por espíritos e seguindo ordens de um médium para construir a mansão como forma de confundi-los, esses elementos são mais ficção do que fato. As histórias de que ela teria consultado um espiritualista de Boston chamado Adam Coons, que a aconselhou a construir a casa para abrigar as almas inquietas, não têm base em documentos históricos confiáveis. Na verdade, não há evidências de que Sarah tenha se encontrado com qualquer médium.
A história real de vida de Sarah Winchester vai bem além de elementos sobrenaturais.Fonte: Lionsgate
A imagem de Sarah como uma mulher mentalmente perturbada foi em grande parte construída após sua morte. Em 1922, pouco depois de seu falecimento, a mansão foi aberta ao público como atração turística por John e Mayme Brown, que criaram narrativas fantasiosas sobre a casa e sua proprietária para atrair visitantes. Essas histórias de assombrações se tornaram cada vez mais populares, especialmente após a visita do famoso ilusionista Harry Houdini em 1924, que ajudou a cunhar o nome “Winchester Mystery House”.
Na realidade, Sarah Winchester era muito mais do que uma figura excêntrica e assombrada. Ela foi uma mulher de grande engenhosidade, que empregou centenas de trabalhadores locais e investiu sua fortuna em projetos de construção inovadores. Para muitos, a casa que ela deixou para trás é um testemunho de sua criatividade e resiliência, mas também de como sua história foi distorcida ao longo do tempo para se tornar uma das lendas mais persistentes da cultura americana.