Estreando nesta quinta-feira, 26 de setembro, A Vítima Invisível: O Caso Eliza Samudio vai trazer à Netflix uma história recente que chocou o Brasil. O documentário vai mostrar como o envolvimento de uma jovem modelo com um goleiro em ascensão resultou em ameaças e em uma morte cujos detalhes não foram plenamente elucidados até os dias atuais.
Segundo o streaming, a intenção da produção é trazer uma nova perspectiva da história, 14 anos após ela ter chamado a atenção da mídia. A empresa explica que o objetivo é mostrar o que aconteceu sob o ponto de vista da vítima, revelando vários detalhes que foram negligenciados no passado.
A Vítima Invisível: o Caso Eliza Samudio vai apresentar conversas e mensagens que a jovem trocava com pessoas próximas, revelando um lado mais íntimo dela. Além disso, amigos e familiares vão ter espaço para contar como o assassinato que chocou o Brasil na verdade era uma tragédia anunciada que poderia ter sido evitada.
O que aconteceu no caso Eliza Samudio?
Nascida em fevereiro de 1985 em Foz do Iguaçu, Paraná, Eliza Silva Samudio se mudou aos 18 anos de idade para São Paulo com o sonho de virar modelo. No entanto, sem conexões e meios de sobreviver, ela chegou a trabalhar como garota de programa e participou de produções pornográficas entre 2005 e 2009 com o nome artístico Fernanda Farias.
Série da Netflix promete detalhes inéditos sobre o casoFonte: Divulgação/Netflix
Relatos indicam que ela iniciou um relacionamento com Bruno Fernandes das Dores de Souza, então goleiro titular do Flamengo, em maio de 2009. Embora sempre tenham mantido uma conexão superficial e baseada no sexo, ambos se encontravam frequentemente e ela dava sinais de querer uma relação mais fixa.
Os primeiros conflitos entre os dois começaram em agosto, quando Eliza revelou estar grávida. Em outubro do mesmo ano, ela contactou a polícia afirmando que Bruno, junto de seus amigos “Russo” e “Macarrão” a haviam mantido em cárcere privado e a obrigado a tomar substâncias abortivas.
Com o nascimento da criança, em fevereiro de 2010, a modelo começou a chamar atenção na imprensa exigindo o direito de receber uma pensão do jogador, que negava a paternidade. Em meio a uma batalha legal, ela teria ido a um sítio pertencente à Bruno em junho do mesmo ano, para nunca mais ser vista publicamente.
O então goleiro do Flamengo foi considerado como o principal suspeito do desaparecimento e, em julho de 2010, ele e outras sete pessoas tiveram suas prisões expedidas. Já a criança fruto do relacionamento, conhecida como Bruninho, acabou sendo encontrada viva pouco depois em uma favela de Ribeirão das Neves.
Corpo da modelo nunca foi encontrado
O julgamento do caso foi iniciado na cidade de Contagem, Minas Gerais, no dia 19 de novembro de 2012, mas acabou sendo adiado para março de 2023 a pedido da defesa do goleiro. O júri popular decidiu condenar o ex-atleta do Flamengo a 23 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, ocultação, sequestro e cárcere privado — desse tempo, 17 anos e 6 meses deveriam ser cumpridos em regime fechado.
A pena do jogador poderia ter sido ainda maior, não fosse o fato de que ele confessou ter sido o mandante do caso, que também resultou na prisão de outras sete pessoas envolvidas. Segundo a juíza responsável, Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, o atleta tem uma personalidade que é “desvirtuada e foge aos padrões mínimos da normalidade”.
Apesar da confissão, o corpo de Eliza Samudio nunca foi encontrado, dadas as medidas usadas para ocultá-lo. Segundo o primo do goleiro, que tinha 17 anos na época, a modelo foi levada desacordada para Minas Gerais, onde foi esquartejada e dada a cachorros rottweiler, enquanto seus ossos foram concretados. No entanto, a versão nunca pode ser confirmada pela polícia responsável pela investigação do caso.