Lançado na Netflix no dia 13 de setembro, Bandida: A Número Um está fazendo grande sucesso na plataforma graças à sua trama com temas tipicamente brasileiros. Dirigido por João Wainer (A Jaula), o filme retrata a violência urbana do Rio de Janeiro sob o ponto de vista de Rebeca (Maria Bomani), que assume o controle do tráfico após a morte violenta de seu marido.
Um elemento que ajuda a tornar a trama bastante envolvente é o fato de que ele se trata de uma história real. Criado a partir do livro A Número Um, de Raquel Oliveira, o longa-metragem mostra como sua protagonista teve desde cedo uma vida violenta que a preparou para encarar de frente um mundo repleto de obstáculos.
Bandida: A Número Um narra uma história real
O filme é inspirado na história da própria Raquel, que revela que, logo cedo, aprendeu a usar cola de sapateiro como uma forma de inibir a fome. À BBC, ela explicou que o próprio pai era um pedófilo e não conseguiu concretizar o abuso da própria filha, que fica trancada em um barraco em busca de proteção.
Aos nove anos de idade, ela foi vendida por sua avó a um chefe do jogo do bicho, que a inseriu na vida da criminalidade e fez com que a garota passasse a usar um revólver a partir dos 11 anos de idade. A ex-criminosa explica ter se considerado sortuda, já que não foi transformada em prostituta nem abusada por seu novo “dono”.
Já o primeiro assassinato veio aos 15 anos de idade, durante a entrega de um pedido de maconha a um cliente. A mulher que inspirou Bandida: A Número Um afirma que, reagindo a uma tentativa de abuso sexual, usou uma faca para matar seu atacante, cujo corpo só foi encontrado três dias depois do incidente.
Tráfico na Rocinha dos anos 80
Durante a metade dos anos 1980, Raquel se casou com Naldo, um dos chefes do tráfico de drogas na Rocinha, que acabou morto em um tiroteio com a polícia em 1988. Foi a partir desse momento que ela decidiu usar os conhecimentos que adquiriu para assumir a “herança” de seu marido e se tornar a nova comandante da favela.
Bandida: A Número Um narra uma história que realmente aconteceuFonte: Divulgação/Paris Filmes
Segundo a autora de A Número Um, não foi a violência que quase tirou sua vida, mas sim o vício em bebidas e drogas que se intensificou no momento em que ficou viúva. No entanto, o que poderia ser uma história com fim trágico encontrou outros caminhos graças à reabilitação, que permitiu à mulher escapar da vida de crime.
Formada em pedagogia desde 2014, Raquel decidiu escrever a obra como forma de encarar sua própria história de vida. Durante uma participação na Festa Literária das Periferias (FLUPP), em 2015, ela afirmou à AFP que encontrou na literatura uma forma de prazer que a mantém longe da dor e do consumo de drogas.
Filme narra uma história de violência e superação
A protagonista da história encontra nas letras uma forma de escapar do vícioFonte: Divulgação/Paris Filmes
O filme disponível no catálogo da Netflix segue de maneira bastante fiel os acontecimentos da vida da autora, passando desde sua infância traumática até a busca pela sobriedade na vida adulta. No IMDd, Bandida: A Número Um tem dividido opiniões, obtendo tanto notas excelentes quanto críticas bastante negativas.
Além de Maria Bomani como protagonista, o longa-metragem também traz em seu elenco nomes como Milhem Cortaz (Os Outros), Natália Lage (Hard), Wilsom Rabelo (Bacurau), a ex-BBB Natália Deodato e o cantor Otto. Antes de chegar ao streaming, ele teve uma curta exibição nos cinemas brasileiros em junho de 2024.