Enotria: The Last Song é um soulslike que busca seu lugar em meio a tantos concorrentes. Para isso, ele aposta em uma temática ousada, baseada no folclore italiano e um sistema de máscaras, onde é possível equipar habilidades e outros elementos.
Além disso, o game também traz uma boa variedade de itens e armas, e inimigos um tanto inusitados que foram “amaldiçoados” em uma grande peça de teatro mortal. Mas será que isso é suficiente para chamar atenção em meio a um gênero tão concorrido? Veja no review completo!
Abram as cortinas, o espetáculo começou!
Um dos elementos que mais chamam atenção em Enotria: The Last Song é a sua história. Inspirada no folclore italiano, o jogo te coloca em um mundo que foi amaldiçoado pelo Canovaccio, que é uma espécie de termo que os italianos usam para indicar os elementos básicos para se montar uma peça teatral.
E é justamente isso que se tornou o mundo do game, uma grande peça de teatro. Nela, todos os habitantes parecem estar atuando a todo momento, em uma trama onde você é o ator principal: o Sem Máscara. Ele é um personagem que, como o nome sugere, surge no “palco” sem grandes alardes, e aos poucos precisa ganhar protagonismo. Para isso, é preciso derrotar os Autores, que são criaturas responsáveis por criar todo esse mundo cultural.
Enotria: The Last Song traz elementos do folclore italiano em seu enredoFonte: Steam
O game, assim como boa parte dos souslikes, não traz uma história digna de reviravoltas ou algo do tipo. Pelo contrário, segue à risca a fórmula de ir aos poucos contando um pouco do que acontece no mundo, seja por personagens onde é possível ter um curto diálogo, como pegando pedaços de livros que compõem o enredo.
Mesmo já acostumado com esse tipo de estratégia para o gênero, confesso que fiquei esperando um pouco mais da trama, ainda mais por se tratar de um jogo com um foco tão grande na parte cultural. Mas ao mesmo tempo não é nada que caracterize isso como um ponto negativo.
No game você acumula máscaras ao longo de sua jornadaFonte: Steam
Máscaras irão cair… e ressurgirão em você!
Enotria: The Last Song traz como elemento principal um sistema de uso de máscaras. Também inspiradas no folclore italiano, mais precisamente no no século 16, elas são utilizadas no jogo para moldar uma forma específica do seu personagem, podendo equipar determinadas armas, itens e habilidades para cada uma delas.
Com isso, basta pressionar o direcional para baixo, e você tem quase que instantaneamente uma troca de máscaras, em um mecanismo que lembra um pouco o que foi adotado no recente Deathbound. A diferença é que aqui há uma limitação de espaços, e todos os outros status, como vida e stamina, permanecem inalterados independente da máscara que você usar.
Cada máscara também possui um determinado efeito no seu personagem. Por exemplo, uma das primeiras a ser conquistada no jogo é a Máscara de Curtis. Quando utilizada, ela aumenta todos os seus atributos, porém, ao mesmo tempo você recebe um dano maior de todos os tipos de ataque, ou seja, físicos ou mágicos.
A Máscara de Curtis é uma das primeiras a ser conquistada no jogoFonte: Steam
Além disso, visualmente, é um tanto interessante fazer o uso de cada uma delas. Elas são conquistadas derrotando os poderosos chefes, chamados de Autores. Com isso, torna-se um ato quase automático trocar alguma de sua atual máscara para conferir o novo visual adquirido pelo seu personagem.
Em outras palavras, o game dá liberdade para você usar uma temática para moldar uma determinada classe. Por exemplo, você pode usar uma máscara mais assustadora para formar um personagem mais voltado para a classe Bruto, que por sua vez tem um foco maior no combate corpo a corpo.
Você pode aproveitar a estética de uma determinada máscara para moldar o perfil do personagemFonte: Reprodução / Diego Borges
Novidades que agregam o gênero
Como uma forma de se destacar no gênero, os mais recentes jogos vem adotando estratégias para chamar atenção dos fãs, principalmente em relação a adições na jogabilidade principal. Enotria: The Last Song segue esse padrão, e traz um interessante sistema de evolução do seu personagem, e também de itens a serem utilizados.
Em cima do sistema de máscaras, explicado anteriormente, é possível adicionar elementos que farão com que seu personagem tenha não apenas equipamentos, mas também habilidades de diferentes tipos de classes.
Classes essas que são chamada de Virtudes e se dividem em:
- Bruto;
- Assassino;
- Elementista;
- Trapaceiro;
- Mago de Combate.
Ao evoluir de nível, cada uma delas aumenta um determinado atributo. Sendo assim, cabe a você focar em evoluir apenas um deles e moldar um personagem mais voltado para a uma única Virtude, ou espalhar os pontos de atributos à medida com que o jogo, e as máscaras que estão sendo utilizadas, exigem.
É possível escolher para onde irão os pontos de atributosFonte: Reprodução / Diego Borges
Os pontos de experiência são chamados de Memórias. E, assim como em outros soulslike, é preciso derrotar inimigos para acumulá-las. E, caso você morra, é possível retornar ao local do óbito para recuperar os pontos acumulados. Por fim, elas também servem para melhorar suas armas, mas precisam de outros elementos, como itens e pedras preciosas específicas.
Junto com os atributos, também é possível desbloquear habilidades que dão vantagens para o seu personagem. Em Caminho de Inovadores é possível adquiri-las através de pontos, que também são conquistados derrotando inimigos ou em itens espalhados pelo cenário.
É possível equipar até seis delas em cada máscara, e não há uma limitação para uso ou combinação. Ou seja, você pode usar desde vantagens de variadas classes, como focar em uma só para uma única máscara.
É possível desbloquear vantagens para seu personagemFonte: Reprodução / Diego Borges
Junto com elas há também as Linhas. Elas são golpes especiais que variam desde espadas e lanças de luz, que causam um bom dano ao oponentes, como também escudos e outros elementais voltados para a sua defesa. Também é possível equipar até quatro delas em cada máscara, que por sua vez são acionadas durante as batalhas. Só que para isso é preciso encher uma espécie de barra de poder, que para completá-las, basta golpear seus inimigos.
Se não bastasse, ainda há uma linha de itens que funciona como um cinturão. Também é possível variá-los para cada tipo de máscara. Entretanto, isso pode te acabar confundindo, e fazendo com que, na hora de fazer a mudança, você esqueça a ordem e use um item por engano.
E falando sobre dificuldade, vale ressaltar o quanto é complexo organizar todos esses itens na parte inicial do jogo. Por mais que tutorias sejam apresentados na tela, ainda sim há muita coisa ao mesmo tempo, o que confunde bastante o jogador. Me arrisco a dizer que somente depois de algumas horas de jogo você consegue entender e, principalmente, saber organizar tudo para balancear seu personagem. Pelo menos até conseguir uma nova máscara e embaralhar tudo de novo.
É preciso jogar algumas horas para entender todo o sistema de itens e habilidadesFonte: Reprodução / Diego Borges
Por fim, vale ressaltar também algumas mecânicas inovadoras durante o jogo. A primeira delas é o de criar elementos temporários no cenário. Através de um golpe no chão, em uma área circular demarcada, é possível revelar plataformas, que por sua vez levam a locais inalcançáveis normalmente, e que quase sempre possuem um item ou arma especial.
Já o sistema de status é uma espécie de condição que é adquirida por armas mágicas, barris coloridos, ou até mesmo pequenos rios. Em contato com esse elemental, o seu personagem adquire um status que traz vantagens e desvantagens, como aumentar o dano causado, mas também sofrer mais com os ataques inimigos, entre outros.
Os status trazem um equilíbrio a mais para os comabtesFonte: Reprodução / Diego Borges
Um apaixonante universo italiano
Sem dúvida alguma, o ponto alto de Enotria: The Last Song é a sua ambientação. O jogo soube apresentar uma direção de arte que fez com que o seu visual fosse um dos mais encantadores já vistos em um soulslike. E quando falo isso não me refiro a níveis altos de realismo, embora o game não fique devendo tanto, mas em como os cenários encantam a cada nova descoberta.
Logo nos primeiros minutos de jogo, você é levado para um corredor repleto de girassois em seu entorno, com a luz do sol rasgando o cenário. Uma cena que, se fosse apresentada sem maiores detalhes, dificilmente alguém iria associar a um jogo do gênero. Com isso, Enotria: The Last Song fez o que poucos títulos conseguiram, criar uma ambientação tão diferenciada, e ao mesmo tempo agradável, para um souslike.
É impossível não se encantar com a ambientação do jogoFonte: Reprodução / Diego Borges
Além disso, chama atenção outros pontos, como o de que boa parte do jogo se passa à luz do dia. São poucos os momentos em que ele te leva para uma área mais escura, sem a mínima presença dela, como por exemplo em uma espécie de catapultas da parte inicial do jogo, ou em masmorras e locais mais fechados. Mesmo assim, grande parte deles contam com janelas, ou pequenas frestas que por ventura deixam o sol, coadjuvante do game, brilhar.
Já nos cenários, há uma forte referência não apenas a cultura italiana, mas a outras partes da Europa. Em um determinado ponto, é impossível não comparar o local com as famosas ruínas da Grécia, mesmo que não haja uma referência a elas. Já a grande Itália está presente em todas as partes, desde as vielas e rios no entorno de casas, como a cidade de Veneza, até caixas de uvas e bandeirinhas penduradas como nos famosos festivais do país europeu.
O game reproduz com fidelidade elementos de cidades italianasFonte: Twitter
Em relação aos personagens, é interessante notar as suas “performances” ao longo do jogo. Como dito anteriormente, Enotria: The Last Song leva os jogadores para uma gigantesca peça de teatro, com isso, a todo momento é possível encontrar inimigos dançando ou tocando algum instrumento sem se importar com você. No começo pode até parecer estranho, mas ao longo da sua jornada você se acostuma com isso, mesmo que sempre pareça um tanto inusitado.
Ainda sobre os inimigos, há uma reciclagem que me incomodou um pouco. Por mais que a temática do jogo de brechas para isso, ou seja, é um teatro com os mesmos atores, ainda sim faltou uma variedade maior. Muito por conta de que eles são utilizados em sua forma normal e também como sob algum feitiço ou efeito, que soa mais como desculpa para sua reutilização.
Já os Autores, que são os chefes do jogo, carregam as características desse tipo de personagem nos games do gênero. Ou seja, possuem uma aparência quase sempre gigantesca, e com movimentos que, para pegar o tempo certo, é preciso encarar a morte dezenas de vezes.
Os chefes do jogo encantam pela beleza, e dão calafrios pelo tamanho e dificuldadesFonte: Twitter
Vale a pena?
Enotria: The Last Song é um soulslike encantador, cuja ambientação é tão atrativa ao ponto de conquistar até mesmo os que não são fãs do gênero. É impossível não se impressionar com cenários muito bem construídos, em cima de uma temática ousada, que culminou em um match perfeito.
Já a sua jogabilidade soube adicionar elementos que chegam para agregar um gênero que, quando achávamos que ele já estava mais que consolidado, abre espaço para boas inovações. Tirando alguns problemas pontuais, como bugs e quedas de desempenho, o jogo facilmente irá figurar nas listas de melhores soulslike do ano.
Nota do Voxel – 88
Prós
- Ambientação que encanta do início ao fim;
- Elementos inéditos ao gênero;
- Variedade de armas, máscaras e outros itens;
- Chefes que encantam pela beleza e dão medo pela dificuldade.
Contras
- Reciclagem de inimigos;
- Alguns bugs de desempenho;
- Um pouco complexo na sua parte inicial.
Enotria: The Last Song tem lançamento marcado para o dia 18 de setembro no PC e PS5. Uma cópia da versão de computador foi cedida pela desenvolvedora para análise.