O Nissan GT-R é um dos modelos mais emblemáticos e queridos da história do automóvel. Referência em esportividade e alta performance, está em linha há nada menos do que 17 anos, mas será descontinuado em 2025 para “repousar” até receber uma nova geração.
Pensando nisso, o TecMundo decidiu relembrar o nascimento da lenda nipônica que surgiu na década retrasada, pensada para honrar o legado do dinossáurico Godzilla, apelido carinhosamente dado ao igualmente icônico Skyline na transição dos anos 80 para os 90 devido ao seu desempenho impressionante em competições.
O GT-R que conhecemos nasceu assim em 2001, na forma de um conceito rudimentar.Fonte: Divulgação/Nissan
O início de tudo
Foi em 2001 que o mundo viu o primeiro escopo do então inédito GT-R. Seu nome significa Gran Turismo Racing e veio da versão homônima oferecida para os Skyline desde o final dos anos 60 como a mais poderosa da gama. De todas as infinitas configurações que o nome Skyline recebeu, a GT-R se destacou tanto que muitos conhecem somente ela.
Por volta dos anos 2000, a Nissan iniciou um processo de fortalecimento da marca e, para isso, ressuscitar modelos esportivos era parte do plano idealizado pelo então CEO Carlos Ghosn. Além do belíssimo 350Z, sucessor do clássico 300ZX, o nome GT-R também voltaria à tona, mas como um produto independente e de alta performance, sem ligação com o Skyline.
As clássicas lanternas duplas acompanharam todo o processo de design do GT-R.Fonte: Divulgação/Nissan
O porquê de a Nissan usar apenas o nome GT-R, sem o Skyline junto, era simples: o Skyline era um carro normal com versões “civis” e esportivas, porém, por melhor que fosse, seu nível máximo era o de um esportivo de menor calibre. A japonesa tinha ambições maiores: o inédito GT-R deveria ser um modelo capaz de bater de frente com os exóticos europeus.
Sendo assim, a montadora projetou um carro totalmente do zero, sem ligações com outros Nissan. A plataforma PM é exclusiva dele e nasceu como uma derivação avançada da conhecida FM, utilizada pelos 350Z e 370Z, bem como alguns veículos da Mitsubishi e inúmeros produtos da Infiniti, submarca da Nissan voltada ao mercado premium.
O segundo conceito, chamado de GT-R PROTO, estava bem mais próximo do modelo de produção.Fonte: Divulgação/Nissan
O aperfeiçoamento
Kazutoshi Mizuno, engenheiro-chefe responsável pelo último Skyline GT-R, inicialmente recusou trabalhar no então novo GT-R, alegando que não havia como fazer um esportivo global de alta performance em cima da plataforma FM, mas mudou de ideia tempos depois e iniciou, em 2004, o desenvolvimento do GT-R definitivo que ganharia as ruas anos depois.
Mizuno trabalhou diretamente com Ghosn e um time especializado para definir os aspectos do futuro supercarro. O plano inicial de trabalhar com um motor de seis cilindros em linha, assim como seus antecessores, foi descartado e um novo V6 foi escolhido por razões de distribuição de peso: assim nasceu o 3.8 V6 biturbo que a Nissan chama de VR38DETT.
Quando o GT-R PROTO foi mostrado em 2005, o mundo parou para ver… e apreciar.Fonte: Divulgação/Nissan
Nasce uma lenda
Após um período de trabalho intenso e inúmeros testes, o mundo conheceu o GT-R PROTO em 2005 durante o Tokyo Motor Show, mas os experimentos nas ruas continuavam e a Nissan utilizou nada menos do que um Porsche 911 Turbo como parâmetro a ser superado. Os testes só terminaram em 2007, mesmo ano em que o modelo definitivo foi apresentado.
O GT-R de produção enfim fez sua estreia global em mais uma edição do Tokyo Motor Show com toda a pompa e um “tapa na cara” dos europeus: o esportivo japonês registrou 7 minutos e 38 segundos no famoso circuito de Nürburgring, superando o Porsche 911 Turbo em quase dois segundos e conquistando o recorde entre os carros de produção na pista.
GT-R de produção trouxe muito do último conceito, o GT-R PROTO.Fonte: Divulgação/Nissan
Equipado originalmente com motor 3.8 V6 biturbo de até 480cv e 59,4kgfm, transmissão automatizada de dupla embreagem com seis velocidades e tração integral, o então novo GT-R fazia de 0 a 100km/h em pouco mais de 3 segundos e podia atingir até 315km/h de velocidade máxima segundo a fábrica, números que impressionam até os dias de hoje.
Graças a esses números, o GT-R conseguiu atravessar os anos recebendo apenas atualizações estéticas e tecnológicas, sem grandes mudanças em performance. Com versões Nismo, de pista e edições limitadas, o GT-R adota o codinome R35 para mostrar ser uma continuação de todo o legado conquistado pelos Skyline GT-R até o mítico R34. E que legado!