Lançado em junho deste ano nos cinemas, Assassino por Acaso (Hit Man) finalmente chegou ao streaming brasileiro, trazendo consigo uma surpresa. Enquanto nos Estados Unidos ele foi uma estreia exclusiva da Netflix, por aqui coube à Amazon Prime Video o privilégio de trazer ao público a história estrelada por Glenn Powell (Top Gun: Maverick).
O filme narra a história de Gary Johnson, um professor universitário divorciado que é convocado para a polícia para uma missão difícil: se passar por um matador de aluguel. Com o tempo, ele descobre que tem gosto pelo papel e parece ter nascido para interpretá-lo. No entanto, alguns acontecimentos podem fazer com que ele decida transformar a ficção em realidade.
Além da atuação de Powell, Assassino por Acaso chamou a atenção por ser inspirado em uma história que realmente aconteceu. Embora nem tudo no filme seja realista, Gary Johnson deixou sua marca como um matador de aluguel convincente que ajudou a levar muitas pessoas para a prisão.
Quem é Gary Johnson, inspiração de Assassino por Acaso?
Enquanto o protagonista de Assassino por Acaso é um mestre dos disfarces, a versão real do investigador era bem diferente. Ele não era conhecido por mudar de aparência, voz ou trejeitos, mas sim por ser bastante charmoso e ter um jeito convincente de fazer com que outros acreditassem que ele era um assassino profissional.
O Gary Johnson da vida real não era exatamente um mestre dos disfarcesFonte: Divulgação/Netflix
Falecido em 2022, Gary Johnson nasceu em 1947 na parte rural do estado da Louisiana, tendo seu primeiro contato com o combate durante a Guerra do Vietnã. Apesar de ter o desejo de ensinar psicologia em nível universitário, ele teve problemas em conseguir seguir seu sonho e acabou optando pela carreira policial.
Trabalhando como um investigador no gabinete do promotor público de Houston, Texas, Johson encarou em 1989 um caso que mudaria sua vida para sempre. Ele foi forçado a interpretar um matador de aluguel em uma investigação envolvendo Kathy Scott, de 37 anos, que havia encomendado a morte de seu marido, com quem estava há somente quatro meses.
Usando um disfarce de motoqueiro, o investigador se encontrou com Kathy em uma pista de boliche, onde ela encomendou o crime e pagou US$ 100 para ele ser realizado. O pedido acabou sendo usado contra a mulher nos tribunais, resultando em seu sentenciamento a 80 anos de prisão.
O homem que inspirou Assassino por Acaso explicou ao Texas Monthly que nunca matou ninguém e que, em geral, lidava com pessoas que não eram violentas ou tinham históricos criminais. Para ele, a maioria de seus “clientes” só estava frustrada com a vida e queria uma solução rápida para seus problemas, “o que virou o jeito americano”.
Assassino falso levava vida discreta
Ao contrário do que o filme pode dar a entender, Johnson não tinha uma vida agitada nem se envolvia em romances proibidos. Enquanto não estava agindo de forma disfarçada, ele costumava ficar no escritório da promotoria trabalhando em equipamentos de gravação e fazendo cópias de fitas.
O protagonista de Assassino por Acaso traz poucas semelhanças com sua inspiração real.Fonte: Divulgação/Netflix
Já em seu tempo livre, ele vivia uma vida discreta dedicada à meditação, jardinagem e ao cuidado de peixes dourados. Além disso, ele também dava aulas sobre sexualidade humana e psicologia na universidade local duas noites por semana. Segundo sua segunda esposa, Sunny, o policial realmente se transformava quando assumia a personalidade de assassino falso.
Ao mesmo tempo em que isso ajudava em sua carreira, Johnson admitiu que sua capacidade de agir de forma fria era resultado de seus problemas em manter relacionamentos. Até mesmo por isso, ele acabou se casando e se divorciando três vezes, sendo conhecido por agir de maneira distante de outras pessoas.
Segundo o diretor Richard Linklater, Assassino por Acaso usa algumas características do homem real, mas muitas das aventuras presentes no filme são totalmente ficcionais. Ele afirma que, embora tenha escutado a gravações feitas pelo policial, Johnson não teve nenhuma participação direta na produção do longa-metragem.