A LG é uma companhia tradicional em vários setores da tecnologia. A fabricante sul-coreana está presente com destaque em segmentos como televisores, aparelhos de ar-condicionado e eletrodomésticos em geral.
Só que a empresa também já foi destaque na área da telefonia móvel, com celulares e depois smartphones. Nos últimos anos, porém, pouco ou nada se fala sobre os modelos da marca.
Uma apresentação de smartphones da LG no período de alta. (Imagem: Getty Images)Fonte: GettyImages
A LG chegou a incomodar líderes como Samsung, Nokia e Motorola com modelos elogiados e bem sucedidos comercialmente, sendo pioneira em funções e ousada em lançamentos. O Brasil foi um mercado importante para a companhia, em especial nas linhas mais baratas.
Porém, ela nunca chegou perto de ser a liderança nesse mercado. Além disso, erros sucessivos em lançamentos levaram a divisão a acumular prejuízos que prejudicaram a companhia como um todo e levaram a direção a tomar uma decisão difícil.
A trajetória da LG e os celulares
A LG nasce a partir da união de duas divisões. Uma delas é a Lak-Hui Chemical Industrial, ou Lucky, fundada em 1947 e focada inicialmente em cosméticos e produtos de higiene ou limpeza.
A outra é a GoldStar, divisão de eletrônicos dessa mesma empresa, pioneira em fabricar no país aparelhos como ventiladores, telefones e refrigeradores.
A trajetória da LG. (Imagem: LG Haus/Divulgação)Fonte: LG Haus
Em 1983, a Lucky e a GoldStar se unem em um só empreendimento. Doze anos depois, ela transforma novamente o próprio nome, passando a ser conhecida pelas iniciais das duas marcas. Nascia então a LG, uma companhia que aos poucos tem presença global em uma série de setores da indústria da tecnologia.
Um deles foi o de telefonia móvel, iniciado com o lançamento do flip LG-800 em 1996. Aos poucos, ela foi entendendo as tendências desse mercado e se estabeleceu entre as cabeças.
O elogiado LG Chocolate. (Imagem: LG/Divulgação)Fonte: LG
Outros modelos de destaque do período incluem o LG B1200, que foi o primeiro da marca com joguinhos e um sucesso de vendas; o LG KG800 Chocolate, um elegante modelo de 2006; e o fashion LG Prada de 2007, um dos pioneiros em usar uma tela sensível ao toque no lugar de botões físicos.
A era dos smartphones
Segundo o Counterpoint Research, a LG fechou o ano de 2009 como a terceira maior fabricante de celulares do mundo em vendas. O seu principal segmento ainda era dos telefones “não smart”, com 120 milhões de dispositivos comercializados, mas ela parecia pronta para o segmento dos inteligentes.
O início dessa empreitada, porém, não foi como a empresa imaginava. Ela inicialmente optou pelo Windows Phone como sistema operacional em vez do Android, em uma escolha que se mostrou equivocada quando a plataforma da Google se mostrou uma alternativa mais popular entre o público.
Modelos lançados nesse período incluem o LG Quantum e o LG E900 Optimus 7, hoje praticamente esquecidos.
LG E900. (Imagem: LG/Divulgação)Fonte: LG
O primeiro smartphone dela com Android foi o GW620, ou LG Eve. Além disso, uma parceria com a Google levou ela a fabricar os primeiros modelos da linha Nexus.
Mas o estabelecimento veio mesmo com o LG Optimus, um aparelho inicialmente intermediário, mas que ganhou uma sequência chamada Optimus G em 2013.
O LG Optimus G, primeiro da família. (Imagem: LG/Divulgação)Fonte: LG
O Optimus G foi um fenômeno local, vendendo 1 milhão de unidades em quatro meses só na Coreia do Sul. A marca passou a atualizar essa família de smartphones anualmente, agora chamada apenas de LG G.
O modelo LG G2 foi igualmente elogiado, com um botão físico traseiro e a estreia do Knock Code, que permitia o desbloqueio do telefone com toques específicos na tela.
Experimentos, declínio e fim
No final da década de 2010, a LG foi perdendo cada vez mais espaço para empresas como Samsung e Motorola, além de não acompanhar o ritmo das emergentes marcas chinesas, como a Xiaomi.
Ela diversificou a linha de smartphones com modelos mais acessíveis, como a linha K, e a família V de modelos de elite, mas isso não foi o suficiente para alavancar as vendas. A linha LG G também perdeu popularidade, em especial pelos preços considerados elevados.
A queda anual da LG no setor de smartphones. (Imagem: Counterpoint Research/Divulgação)Fonte: Counterpoint Research
Algumas ousadias também se provaram arriscadas demais e sem retorno. É o caso do LG G Flex (2013), um dispositivo com corpo flexível, e o LG G5 (2016), que era modular, mas não teve boa aceitação do público por falhas de design.
Essas experimentações continuaram por mais tempo: o LG Wing, de 2020, era um curioso smartphone com uma tela secundária na horizontal, deixando o aparelho em formato de “T”.
O curioso LG Wing. (Imagem: LG/Divulgação)Fonte: LG
Só que a divisão mobile não registrava lucros desde 2014 e, no fim de 2019, ela só tinha menos de 2% do mercado de smartphones. Após muita especulação, a LG confirmou o fechamento da divisão de dispositivos móveis em definitivo em abril de 2021 para focar nos outros setores de eletrônicos.
O último smartphone lançado pela companhia teve as mesmas qualidades e ressalvas dos top de linha da marca nos últimos anos: o LG Velvet tinha um belo design e bom desempenho, mas o preço já parecia fora da realidade.
O LG Velvet. (Imagem: LG/Divulgação)Fonte: LG
Hoje, até é possível encontrar celulares da LG em lojas digitais e sites de leilão, mas sem qualquer tipo de suporte ou atualizações — com o público interessado apenas pela nostalgia do período de auge dessa marca em celulares.