Desde seu anúncio, Star Wars Outlaws dividiu bastante os fãs da saga entre expectativas boas e um certo receio do que o game desenvolvido pela Massive Entertainment e publicado pela Ubisoft poderia realmente entregar em termos de qualidade. A ideia de ser uma ladra mercenária em um jogo de mundo aberto durante o império de Palpatine parece muito interessante.
No entanto, será que o jogo consegue conciliar exploração, tiroteios, guerras nas estrelas e furtividade de forma balanceada? Eu tive a oportunidade de jogar Star Wars Outlaws de forma antecipada e te conto tudo em detalhes na análise logo a seguir, realizada na versão de PS5!
https://www.youtube.com/watch?v=N1JrVy8Aj0I
O encontro entre Uncharted e Splinter Cell
A primeira coisa que preciso dizer nessa análise é o seguinte: se não gosta de games com foco em furtividade, Star Wars Outlaws não é um jogo para você. Apesar de ter uma dose de ação em vários momentos, o título faz jus ao seu nome e tenta ao máximo emular a experiência de ser um ladrão mercenário em uma galáxia muito muito distante. Na maior parte da sua aventura, seu trabalho será se infiltrar silenciosamente em bases de sindicatos ou do império em busca de itens e dados valiosos ou para realizar uma sabotagem na surdina. Eu sei que muita gente não gosta e até se irrita com esse tipo de gameplay, então fique atento para não comprar o jogo esperando muito mais ação do que ele realmente oferece.
Star Wars Outlaws realmente te faz sentir parte do universo criado por George LucasFonte: Ubisoft/Reprodução
No geral, eu diria que jogar Outlaws foi como experimentar uma boa mistura de Uncharted e Splinter Cell. Enquanto a exploração, os tiroteios curtos e rápidos e toda a trama focada em ser um ladrão em busca de tesouros e maneiras de se livrar de encrencas com pessoas perigosas lembram demais as aventuras de Nathan Drake, a infiltração stealth, os hacks, a sabotagem e os combates furtivos me deixaram com bastante saudades de Sam Fisher. Como fã de Star Wars e das duas franquias mencionadas, esse mix só tornou tudo mais divertido para mim e é algo que levo em conta na minha análise.
Ainda assim, bem no início dessa jornada, eu confesso que me frustrei um pouco nas primeiras seções de stealth. Por pura falta de costume e esquecimento, eu não estava fazendo uso completo de Nix, o nosso companheirinho que parece um axolote terrestre, e isso só prejudicou a minha performance furtiva e fez com que eu fosse descoberta com mais frequência. Quando comecei a comandá-lo para roubar itens, distrair pessoas, atacar inimigos, usar objetos do cenário e a sabotar alarmes, o jogo se abriu de verdade. Eu digo isso especificamente para que vocês não cometam o mesmo erro, já que Nix é uma parte extremamente útil e essencial do game, além de ter sido a criaturinha mais amável de Star Wars no meu coração.
Seguindo nesse tema, eu gostei bastante da variedade de maneiras que você pode usar o cenário ao seu favor. Afinal, não basta apenas se esconder atrás de caixas e paredes em Outlaws. Você pode subir em grades e canos para ficar em nível elevado e fora da visão de guardas patrulheiros, pode se mover ao lado de carrinhos automotivos em espaços abertos, pode subir em caixas de carga e pedir que Nix as movimente ao apertar um botão e etc.
Também é possível hackear computadores para desligar câmeras, abrir portas fechadas, desativar torretas ou campos de energia. Fora isso, como um bom ladrão, você ainda terá que destravar portas com seu grampo especial, o que é feito através de um minigame ritmico que achei bem criativo.
O ponto que achei mais estranho é que não há uma grande ênfase quando os inimigos encontram o corpo de companheiros de equipe no chão. Eles até percebem, avisam seus outros aliados e ficam levemente desconfiados, mas dá para ver que os desenvolvedores provavelmente não quiseram se aprofundar muito nesse aspecto. É algo que eu prefiro porque acho que ficar escondendo corpos ou lidando com guardas paranóicos o tempo todo só deixaria o ritmo do game mais devagar e cansativo, mas fica aí o aviso para quem prefere esse tipo de gameplay.
A situação mais engraçada que isso causa acontece quando você se aproveita da burrice da inteligência artificial para matar um inimigo de cada vez, atraindo-os para o mesmo lugar repetidas vezes. Mesmo quando há um grande número de guardas no local, isso geralmente funciona e elimina um pouco da dificuldade das seções de stealth. É claro que se preferir, você pode aumentar ou diminuir a dificuldade dessas partes especificamente, já que o game te dá essa opção.
Aproveitando que eu mencionei isso, vale dizer que Star Wars Outlaws te dá o poder de personalizar o game de diversas maneiras. Você pode alterar a dificuldade de vários aspectos individuais, escolher se quer o game mostre a famosa “tinta amarela” para sinalizar itens interativos ou não, decidir se quer fazer alguns minigames, se quer que jogos de aposta tenham um ritmo mais rápido e muito mais.
Você pode aprimorar sua speeder e apostar diversas corridas em alguns planetasFonte: Ubisoft/Reprodução
Além disso, há inúmeras opções de acessibilidade disponíveis, um acerto enorme por parte da Massive Entertainment e da Ubisoft. Inclusive, como esperado dos jogos da empresa, o game está totalmente localizado e dublado em nosso idioma. Eu testei tanto o áudio original como a dublagem em português e posso confirmar a qualidade dos dois é incrível.
Em uma galáxia muito muito próxima
É claro que quando se trata de um jogo baseado no universo de Star Wars, o que muita gente deve se perguntar é se o título realmente entrega algo consistente com a antiga franquia de George Lucas. Eu sei que não faltam games genéricos inspirado nos filmes, mas, felizmente, Outlaws está muito longe disso. Dá para perceber que esse foi um jogo feito com bastante carinho nesse aspecto e há muita atenção até nos pequenos detalhes. Isso vale tanto para elementos que todo fã mais casual vai perceber, como para o fan service que está ali para trazer um sorriso no rosto de quem acompanha a saga ainda mais de perto.
Há muitos locais, criaturas, personagens, veículos, naves e armas que vão trazer uma boa dose de nostalgia para qualquer um que adora os eventos da trilogia original. Apesar de não termos um clássico sabre de luz em nossas mãos, o game faz um excelente papel em te fazer sentir parte desse universo. Mesmo a trama, apesar de relativamente simples, é bem similar ao que eu esperaria de filme ou série spin-off de Star Wars, tanto no humor como nas surpresas e viradas que acontecem ao longo da jornada.
Eu também adorei como algumas mecânicas e vários detalhes fazem o mundo parecer mais vivo e muito interativo. Isso inclui a presença de sindicatos criminosos que você pode ajudar e trair ao mesmo tempo, múltiplos minigames e jogos de apostas bem divertidos, a possibilidade de fazer carinho em todos os bichos dóceis que encontra nos planetas, corridas de speeder, realizar ações para destravar habilidades especiais, a maneira que podemos sentar numa cantina para ouvir conversas e pegar pistas de novas missões e muito mais.
É até difícil tentar resumir tudo o que Star Wars Outlaws tem a oferecer de bom, já que é algo que muito orgânico e que você vai experimentando aos poucos em sua aventura. O melhor de tudo isso, na minha opinião, é que você pode fazer o quanto quiser dessas atividades e isso determina o seu tempo de jogo. Se quiser seguir apenas a trama principal sem pressa, pode esperar entre 25 a 30 horas de jogo, mas esse número aumenta bastante se tiver vontade de fazer contratos, contrabandos, invasões e se quiser subir de nível com cada sindicato.
É claro que você também poderá passar algum tempo viajando pelo espaço, lutando contra naves piratas e do império, ajudando naves aliadas, procurando tesouro e muito mais. A verdade é que eu não passei tanto tempo entre as estrelas, já que eu não tinha tanto tempo para zerar o game e também porque achei as atividades terrestres bem mais interessantes e variadas.
Nem tudo são Midichlorians
É claro que nem tudo são flores e, embora eu tenha me divertido muito com Star Wars Outlaws, não posso negar que o jogo possui alguns problemas. Eu joguei a versão de PS5, então não tenho como relatar qual é a experiência no PC e se o game apresenta qualquer problema de performance por lá, já que mesmo no modo de qualidade visual, o game rodou perfeitamente no console. Ainda assim, eu encontrei alguns bugs bem chatinhos ao longo do caminho.
Vale dizer que a desenvolvedora está ciente de diversos bugs e problemas que ocorrem nos consoles e PC. Isso me faz crer que eles podem consertar a maioria desses bugs em uma atualização no lançamento do game, mas se quiser ter total certeza de que isso vai acontecer, pode ser melhor esperar uma ou duas semanas para ver qual é o estado do título. Eu não encontrei nada que quebrasse o jogo e apenas um bug me fez ter que recarregar um save automático, mas fica o aviso mesmo assim.
O game tem alguns problemas, mas não dá para negar que ele foi feito com muito amor.Fonte: Ubisoft/Reprodução
Fora isso, eu acredito que há outros pontos em que jogo poderia receber algumas melhorias futuramente. Um bom exemplo disso é o fato que o game te faz focar inteiramente na sua blaster e não permite que você carregue outra arma de forma permanente. Mesmo quando você pega um rifle ou outra arma, é preciso jogá-la fora quando a munição acaba ou quando você sobe uma plataforma ou escada.
Isso só não é um problema tão grande porque o combate armado é mais superficial e acaba sendo bem rápido já que o foco é quase sempre a furtividade, como eu mencionei. Além disso, é possível aprimorar sua blaster para que ela se torne mais útil que a maioria das outras armas que você encontra no chão. Ainda assim, eu acredito que quem gosta de um tiroteio galáctico poderia se divertir mais se tivesse várias opções diferentes de armas à disposição com mais frequência.
Outro ponto que merecia um upgrade são as criaturas presentes nos planetas que visitamos, afinal, elas não oferecem algo além de serem um bonito enfeite no cenário. São poucos os bichos que nos atacam ou reagem à nossa presença, o que eu acho que destoa levemente do resto do game, considerando que ele foca tanto na percepção dos NPCs em relação a nós o tempo todo.
Algo que não me incomodou, mas que pode ser um ponto crucial para jogadores com diferentes expectativas é o quão mundo aberto o jogo realmente é. Há cinco planetas que você pode explorar, mas alguns te restringem à cidades grandes enquanto outros te deixam vagar livremente por territórios enormes, como é o caso da nossa saudosa Tatooine. Eu achei isso mais do que o suficiente, até porque há inúmeras tarefas secundárias em cada um dos planetas, mas creio que isso pode ser negativo para quem queria algo mais parecido com Starfield ou No Man’s Sky em termos de quantidade.
Por fim, dentre os pontos negativos, eu volto a mencionar as mecânicas de furtividade. Como eu falei lá no começo da análise, essas seções podem ser muito frustrantes se você não usa Nix e as suas ferramentas de ladrão ao seu favor. Fora isso, não dá para negar que a maior parte do jogo repete esse ciclo de gameplay, podendo se tornar repetitivo se você não fizer outras atividades no meio tempo. Só estou citando isso novamente porque sei que muita gente pode considerar esse como o grande fator na hora de decidir comprar Outlaws ou não.
Vale a Pena?
Pela minha análise, deve ter ficado bem claro que eu gostei bastante de Star Wars Outlaws, mesmo que ele tenha alguns problemas pontuais e bugs que aconteceram nessa versão de review que eu joguei. Ainda assim, eu não acho que esse é um jogo para todos, mesmo que você seja muito fã da franquia criada por George Lucas. O gameplay stealth é algo que sempre vejo ser criticado em outros jogos, mesmo que eles não sejam puramente de ação, então acredito que isso vai ser um fator bem determinante para dividir quem vai amar e quem vai odiar Outlaws.
Será que a nossa protagonista gosta de areia?Fonte: Ubisoft/Reprodução
O que posso afirmar é que esse é um jogo feito com muito carinho, com muita atenção nos detalhes e que vale a pena experimentar se a furtividade não for algo que você detesta. Se gosta da exploração de Uncharted, das mecânicas de Splinter Cell e de todo o universo Star Wars, não há dúvidas de que esse game foi feito sob medida para você e coloca uma galáxia de possibilidades na palma de sua mão.
Nota do Voxel: 88
Pontos positivos:
- Trama interessante e personagens carismáticos;
- Inúmeras opções de acessibilidade e de customização de dificuldade;
- Muitas atividades paralelas à trama principal;
- Excelente caracterização do universo Star Wars;
- Um jogo claramente feito com carinho e atenção aos detalhes.
Pontos negativos:
- O ciclo de gameplay pode se tornar repetitivo se você focar apenas em missões stealth;
- As seções de furtividade são frustrantes quando você não usa tanto o Nix;
- Apesar de existirem muitas armas diferentes, não é possível usá-las por muito tempo.
Star Wars Outlaws chega no dia 30 de agosto no PC, PS5 e Xbox Series S e X, com acesso antecipado na versão Deluxe e para assinantes do Ubisoft+. Uma cópia do jogo para o console da Sony foi cedida ao Voxel para review.