Se Doom praticamente criou a fórmula do FPS e Resident Evil consolidou o gênero Survival Horror na indústria, Silent Hill fez o mesmo com jogos de terror psicológico e até hoje é uma das maiores referências do nicho.
No auge dos anos 2000, muitos fãs ficaram céticos de que o segundo jogo da franquia conseguiria superar o primeiro — mas o que a Konami entregou com Silent Hill 2 foi simplesmente um dos maiores games de todos os tempos. Na verdade, a régua de qualidade foi tão alta, que pouquíssimas experiências conseguiram bater de frente com a sua soberania.
Lançado para PS2 em 2001, Silent Hill 2 é frequentemente lembrado e reverenciado como um dos maiores e melhores jogos de terror de todos os tempos. Diferente do primeiro game, que focava em temas mais ocultistas, a sequência traz uma abordagem mais introspectiva e psicológica, explorando os tormentos internos do protagonista James Sunderland.
Silent Hill 2, inclusive, era uma das maiores pendências da minha lista pessoal. Tardiamente, tratei de eliminá-la recentemente, no intuito de me preparar para o remake que chega no dia 8 de outubro ao PS5 e PC.
Portanto, nada melhor do que uma pequena análise sobre a perspectiva de um novato na franquia, que já teve a oportunidade de revisar diversos jogos da indústria — sendo muitos deles de terror, inclusive. As coisas ficam ainda mais interessantes se considerarmos que estamos falando de um jogo com mais de 20 anos.
Será que ainda vale a pena jogar o Silent Hill 2 original em 2024? Será que o clássico da Konami envelheceu bem? É o que você descobrirá a seguir na “nova” análise do Voxel!
Em muitos aspectos, Silent Hill 2 envelheceu como vinho
Sempre ouvi falar muito bem de Silent Hill 2 — e, sem surpresa alguma, pelo menos para mim, o game é realmente muito bom. Em uma geração estagnada com jogos genéricos demais, longos demais ou com tiroteios demais, vivenciar um clássico do terror com mais de 20 anos pela primeira vez certamente é uma oportunidade que poucos têm.
Silent Hill 2 é um mergulho profundo na psique perturbada do protagonista James Sunderland.Fonte: Konami
Os primeiros minutos controlando James foram mais do que o suficiente para fisgar completamente a minha atenção. Tudo começa com uma carta que o protagonista recebe da sua esposa, Mary, que o convida a encontrá-la na cidade de Silent Hill. No entanto, a mesma já está supostamente morta há três anos.
Esse foi o primeiro gatilho que me prendeu e me fez ficar vidrado na tela (que infelizmente não era de tubo) enquanto caminhava com James nas ruas nebulosas e escuras da cidade amaldiçoada. A forma como você é recepcionado por lá é algo simplesmente fantástico.
Um simples ponto de partida se desenrola em uma narrativa sutil, mas profundamente complexa e emocional, onde Silent Hill atua como um reflexo distorcido da psique de James. Sua jornada através da cidade é uma descida até o seu próprio inferno pessoal, onde monstros grotescos simbolizam seus medos e culpas mais profundas.
James precisa enfrentar uma série de monstros em Silent Hill, sendo eles uma representação grotesca que simbolizam seus medos e culpas.Fonte: Konami
Silent Hill 2 te convida a explorar cada canto, abrir cada porta e desbravar cada beco escuro espalhado pela cidade. Mesmo já tendo experienciado grandes jogos de terror da atualidade, como os remakes de Resident Evil 2 e Dead Space, que são graficamente assustadores, dificilmente senti aquela sensação de medo que toma conta do corpo — mas com o clássico da Konami, que tem mais de 20 anos, tive arrepios na espinha do início ao fim.
A atmosfera é intimidadora, os recursos são escassos e você constantemente precisa ter atenção à exploração. Além do game design incrível que induz à procura constante por soluções, a história que acompanha a trajetória é fascinante — isso sem mencionar a trilha sonora impecável de Akira Yamaoka, que complementa perfeitamente a atmosfera e mistura sons industriais com melodias melancólicas que evocam um sentimento desolador no jogador.
Silent Hill 2 tem uma atmosfera opressiva que evoca um sentimento de vulnerabilidade no jogador.Fonte: Konami
O game é claramente aberto a interpretações e, sobre a minha perspectiva, conclui que muitos dos personagens, na verdade, só existem na mente perturbada de James — com exceção de Angela, que realmente está ali e passando pelo seu próprio inferno psicológico em Silent Hill, assim como o protagonista.
Gameplay de Silent Hill 2 envelheceu como leite fora da geladeira
Mesmo que estejamos falando de um jogo com mais de 20 anos, Silent Hill 2 se sai muito bem em inúmeros aspectos — sobretudo, os que foram mencionados nesta análise até o momento. Mas nem tudo são flores por aqui.
Silent Hill 2 é tecnicamente impressionante para a época.Fonte: Konami
O jogo é tecnicamente impressionante para a época e traz gráficos que ainda são elogiados pela sua capacidade de criar uma atmosfera densa e opressiva. A névoa, um dos elementos mais icônicos da série, é utilizada magistralmente para aumentar o senso de mistério e criar uma sensação constante de desconforto.
Em termos de jogabilidade, Silent Hill 2 se mantém fiel às convenções dos jogos de survival horror, com recursos limitados e combates desajeitados que aumentam a tensão. No entanto, o gameplay, naturalmente, envelheceu como leite fora da geladeira. Tanto James quanto a câmera se movimentam de uma forma não muito convencional que facilmente te faz ficar perdido a cada lugar que entra.
Mesmo sendo um grande jogo para época, o gameplay engessado de Silent Hill 2 envelheceu bem mal.Fonte: Konami
Além disso, os embates contra os inimigos são engessados e James é extremamente lento, tanto para carregar as armas quanto simplesmente atirar com elas. Sofri um pouco com isso durante a jogatina, mas o pacote completo estava tão bom que decidi persistir até os créditos finais.
Bom, se você estiver disposto a pagar o preço do gameplay engessado do Silent Hill 2, certamente se surpreenderá com o resto do pacote caso não tenha jogado o clássico. Com isso em mente, com certeza vale a pena dar uma chance para o game em 2024 — ainda mais se quiser preparar o psicológico para o remake.
E por falar em remake…
O remake de Silent Hill 2, que será lançado para PS5 e PC no dia 8 de outubro, sem dúvidas, é aguardado pelos fãs da obra há muito tempo. Bom, a Konami ouviu as preces da comunidade e decidiu engatar nessa empreitada com a Bloober Team, estúdio de The Medium que ficou responsável por dar novas perspectivas à triste história de James Sunderland.
As primeiras prévias do remake de Silent Hill 2 foram divulgadas recentemente. Diversos veículos ao redor do mundo tiveram a oportunidade de jogar as três primeiras horas do remake — e, felizmente, a maior surpresa mesmo é que boa parte das críticas são realmente positivas.
Foi possível ver nos gameplays recentes divulgados pela Konami que um dos aspectos que mais melhoraram no remake do clássico foi o gameplay — e, pelo menos para mim, já basta para dar uma chance à reimaginação da Bloober Team!
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