Uma teoria há muito defendida por cientistas planetários, a de que a Terra e outros planetas terrestres podem usar suas forças gravitacionais para destruir ou desviar asteroides “assassinos”, foi demonstrada pela primeira vez em um estudo recente, aceito para publicação no The Astrophysical Journal Letters, por enquanto hospedado no repositório de preprints arXiv.
Usando evidências ao nível populacional dos chamados “asteroides próximos à Terra” (NEAs na sigla em inglês), dois pesquisadores revelaram que a força gravitacional do nosso planeta é capaz de desmanchar até mesmo grandes asteroides, criando famílias de pequenos corpos celestes mais manejáveis, durante encontros próximos com a Terra e Vênus.
Há cerca de dez anos, o primeiro autor do novo estudo, Mikael Granvik, cientista planetário da Universidade de Tecnologia de Luleå, na Suécia, tem procurado essas “famílias de NEAs que teriam se formado em tais perturbações das marés, mas não encontramos nenhuma”, afirmou ele à WordsSideKick.com por e-mail. Isso porque os possíveis fragmentos formados desse jeito logo se tornam indetectáveis, pois se misturam com o fundo.
Contando asteroides entre a Terra e Vênus
Fragmentos de asteroides maiores logo se tornam indetectáveis.Fonte: Getty Images
Em 1994, os cientistas da Terra tiveram uma demonstração prática do incrível poder de destruição das marés, quando o cometa Shoemaker-Levy 9 foi despedaçado em um encontro próximo com o gigante gasoso Júpiter. No entanto, os astrônomos não conseguiram comprovar que o mesmo poderia ocorrer com planetas terrestres, inclusive o nosso.
Em 2016, Granvik teve um insight, e ajudou a criar um modelo que calculava as trajetórias de asteroides de diferentes tamanhos para determinar seus números a diferentes distâncias do Sol. O modelo foi testado com sete anos de observações obtidas pelo Catalina Sky Survey, um programa baseado em telescópios do Arizona financiado pela NASA.
A princípio, a equipe se frustrou, pois esses asteroides perdidos eram bem pequenos, além de percorrer órbitas circulares em torno do Sol praticamente no mesmo plano das órbitas da Terra e Vênus. Foi quando Granvik teve o seu “momento eureka”: ele percebeu que esses objetos poderiam ser, na verdade, fragmentos de asteroides maiores desintegrados pelas forças de maré, em encontros próximos com planetas terrestres.
Contabilizando as massas dos grandes e pequenos asteroides
Asteroides fragmentados perdem até 90% de suas massa em encontro com planetas.Fonte: Getty Images
A parceria com o coautor Kevin Walsh , pesquisador do Southwest Research Institute, em Boulder nos EUA, permitiu que Granvik testasse sua nova teoria. Para isso, partiram do princípio no qual asteroides que encontravam planetas rochosos perdiam entre 50% e 90% de sua massa, gerando fluxos de fragmentos.
Com esse modelo, conseguiram “fechar a conta”, mostrando que asteroides anteriormente inexplicáveis eram fragmentos de asteroides desmantelados por perturbações de maré.
Para Gravink, “Embora seja difícil encontrar famílias individuais, a combinação de múltiplas famílias produzirá uma assinatura que podemos identificar”. Em simulações adicionais, os pesquisadores perceberam que esses fragmentos vagaram íntegros no espaço, em média por nove milhões de anos, até colidirem com o Sol ou um planeta, ou serem “chutados” para fora do Sistema Solar.
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