Em nossa busca incessante para compreender a vida fora da Terra, temos concentrado nossa atenção em Marte, nas luas geladas de Júpiter e nos enigmáticos satélites de Saturno. Contudo, uma nova e intrigante fronteira surge na busca por vida extraterrestre: as nuvens moleculares.
Os cientistas descobriram que a vida na Terra prospera mesmo em lugares difíceis, como lagos congelados da Antártida, lagos alcalinos e até mesmo dentro de reatores nucleares. Em paralelo, os astrônomos realizaram descobertas inovadoras a respeito dos blocos de construção fundamentais da vida espalhados por todo o universo.
Aminoácidos escondidos em meteoritos, compostos orgânicos espalhados no espaço interestelar (ISM) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs) foram descobertos.
Imagem obtida pelo telescópio APEX, de parte da Nuvem Molecular de Taurus, que mostra um filamento sinuoso de poeira cósmica com mais de dez anos-luz de comprimento.Fonte: ESO/APEX (MPIfR/ESO/OSO)/A. Hacar et al./Digitized Sky Survey 2.
O enigma das nuvens moleculares
As nuvens moleculares apresentam desafios inerentes. São caracterizadas pelo frio extremo, com temperaturas que podem chegar a -263 graus Celsius. Além disso, não possuem superfícies sólidas, o que representa uma grande barreira à vida no local.
O pesquisador chinês, Lei Feng, apresentou uma ideia inovadora, intitulada “Possibilidades de vida metanogênica e acetogênica em uma nuvem molecular”. Ele sustenta que a vida pode ter surgido no espaço como resultado de metanógenos ou acetógenos, tipos de bactérias que produzem metano e ácido acético como subprodutos.
A hipótese de Feng está ancorada no conceito de panspermia, uma teoria que sugere que a vida é onipresente em todo o universo e foi dispersa por asteroides, cometas, poeira cósmica e planetas menores.
Panspermia é a ideia de que a vida está espalhada por toda a galáxia, ou mesmo pelo Universo, por meio de asteroides, cometas e até planetas menores.Fonte: NASA/Jenny Motortor
A solução de hidrogênio líquido
Para enfrentar o desafio do frio extremo, Feng propõe uma solução radical. Ele sugere que o hidrogênio líquido, que permanece líquido entre 13,99 K e 20,27 K, pode ser uma alternativa viável à água, fornecendo as condições necessárias para reações bioquímicas semelhantes às da Terra.
O conceito de bioenergética dirigida por raios cósmicos de Feng oferece uma solução inovadora para o problema da energia. Se as moléculas de hidrogênio forem ionizadas, esses organismos hipotéticos poderão se adaptar e prosperar nas condições frias, escuras e aparentemente inóspitas das nuvens moleculares.
Imagem composta do Hubble do complexo de nuvens Chamaeleon I.Fonte: NASA, ESA, K. Luhman and T. Esplin (Pennsylvania State University), et al., e ESO
As bactérias metanogênicas, uma das primeiras formas de vida na Terra, produzem metano e energia livre em ambientes com pouca quantidade de oxigênio, o que as torna aptas para a sobrevivência.
A hipótese de Feng desafia a sabedoria tradicional sobre as origens da vida e o potencial de sua existência no vasto universo. Mas enfrenta dificuldades relevantes, como a curta duração das nuvens moleculares, que geralmente duram cerca de 100 milhões de anos.
Além disso, o conceito do último ancestral comum universal (LUCA) ainda é um tema de especulação.
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