O gênero FPS (First-Person Shooter) está entre os mais amados da indústria dos videogames, e sua trajetória, que se estende por quase cinco décadas, é marcada por avanços tecnológicos, inovações no design e mudanças nos estilos de jogo.
Desde as primeiras experiências no gênero, como Maze War, até os gigantes modernos como Call of Duty e Apex Legends, a evolução dos FPS mostra tanto o progresso tecnológico quanto a transformação nos hábitos e expectativas dos jogadores.
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Os primeiros passos (anos 70 e 80)
O ponto de partida do gênero FPS foi em 1973, com Maze War. Este jogo permitia que jogadores navegassem por um labirinto tridimensional enquanto disparavam contra inimigos, representados por olhos flutuantes. Mesmo sendo um tanto rudimentar, Maze War trouxe conceitos que se tornaram bem importantes, como a perspectiva em primeira pessoa e o combate interativo.
Na década de 1980, os arcades dominaram o mercado, e jogos como Battlezone, da Atari, trouxeram mais elementos pioneiros. Este título combinava uma visão em primeira pessoa com gráficos 3D em wireframe e mecânicas de combate em tanques. Já Midi Maze (1987) trouxe a experiência de multiplayer em rede para até 16 jogadores, já prevendo a importância da conectividade nos jogos futuros.
Os anos 90: a era de ouro do FPS
O início dos anos 90 marcou o nascimento de grandes clássicos do gênero, graças à id Software. Wolfenstein 3D (1992) deu forma à base do FPS moderno, com sua jogabilidade frenética e design de níveis intricados. Dois anos depois, Doom (1994) revolucionou ainda mais o gênero, trazendo gráficos aprimorados, narrativa envolvente e multiplayer em rede. A popularidade de Doom foi tanta que chegou a sobrecarregar redes universitárias por causa do número de jogadores.
A década também foi marcada pela chegada de narrativas mais profundas, como em Half-Life (1998), e pela ascensão dos jogos multiplayer competitivos, como Quake (1996). Quake apresentou mapas totalmente 3D, movimentos inovadores (como o “rocket jump”) e modos multiplayer online, já começando a estabelecer as bases do cenário de esports.
Além disso, jogos como GoldenEye 007 (1997) provaram que FPS podiam ter sucesso em consoles, com mecânicas inovadoras de controle e modos multiplayer que encantaram jogadores.
Os anos 2000: realismo e expansão online
A virada do milênio trouxe gráficos mais realistas e experiências narrativas imersivas. Halo: Combat Evolved (2001) foi um marco ao adaptar controles para consoles e trazer mecânicas como checkpoints e regeneração de vida, tornando os FPS mais acessíveis e dinâmicos.
Jogos como Call of Duty (2003) focaram em batalhas realistas, com ênfase em trabalho em equipe. Far Cry (2004) e Half-Life 2 (2004) exploraram mundos abertos e gráficos detalhados, enquanto Battlefield expandiu os horizontes dos FPS com a inclusão de veículos e combate em larga escala.
Outro marco da década foi a ascensão do multiplayer online. Jogos como Halo 2 popularizaram o jogo competitivo em redes como o Xbox Live, enquanto Counter-Strike (1999) trouxe partidas táticas e objetivos que definiram o gênero.
A diversificação dos FPS (2010s)
Na década de 2010, o gênero FPS acabou ganhando mais diversidade dentro de subgêneros. Os looter shooters como Borderlands (2009) e Destiny (2014) combinaram jogabilidade rápida com progressão baseada em equipamentos e habilidades. A abordagem “jogo como serviço” (GaaS) permitiu atualizações constantes, mantendo os jogadores engajados.
Outro subgênero popular foi o hero shooter, popularizado por Overwatch (2016). Ele introduziu personagens com habilidades únicas e foco em trabalho em equipe, atraindo jogadores que buscavam diversidade e personalização. Jogos como Valorant e Rainbow Six: Siege continuaram a tendência, impulsionando o cenário competitivo.
O Futuro dos FPS
O futuro dos FPS promete ser moldado por inovações tecnológicas e novos paradigmas de jogabilidade. A realidade virtual já está transformando a experiência do gênero, com jogos como Half-Life: Alyx oferecendo mecânicas imersivas onde o jogador literalmente interage com armas, recarrega munições e utiliza o corpo para se esconder de inimigos, criando uma experiência inédita e visceral.
Além disso, o uso de inteligência artificial está aumentando o nível de complexidade dos FPS. Títulos como F.E.A.R. (2005) já mostravam o potencial de AIs capazes de reagir em tempo real às ações dos jogadores, e essa tendência deve ganhar mais força. Bots inteligentes estão sendo usados tanto para treinar jogadores em ambientes simulados quanto para criar inimigos mais desafiadores e dinâmicos.
Por fim, o modelo de monetização “free-to-play” aliado a microtransações continua ganhando espaço. Jogos como Apex Legends e Valorant provam que é possível oferecer experiências de alta qualidade gratuitamente, mantendo o engajamento dos jogadores por meio de atualizações constantes e conteúdo cosmético.
O gênero também está cada vez mais híbrido, misturando mecânicas de outros estilos, como o cooperativo de sobrevivência, narrativas profundas e até mesmo elementos de RPG. Essa flexibilidade garante que os FPS continuem a evoluir, surpreendendo e cativando novas gerações de jogadores.