A recente indicação do filme Ainda Estou Aqui para a categoria de Melhor Filme no Oscar 2025 foi um verdadeiro marco para o cinema brasileiro. Sem dúvida alguma, este é um feito gigantesco para o cinema nacional. Nunca antes na história um filme da nossa indústria havia concorrido à principal categoria do principal prêmio do audiovisual. No entanto, apesar deste ser um feito inédito, isso não quer dizer que outros filmes brasileiros já não tenham sido amplamente premiados.
O cinema brasileiro tem conquistado reconhecimento internacional ao longo dos anos, apesar dos desafios enfrentados pela indústria cinematográfica nacional. Os filmes brasileiros mais premiados foram aclamados em festivais de prestígio, como Cannes, Berlim e Sundance, colocando o Brasil no mapa do cinema mundial. Obras como Central do Brasil, Cidade de Deus e Tropa de Elite se destacaram, levando prêmios e conquistando o público com suas narrativas envolventes e atuações memoráveis.
Neste artigo, reunimos uma lista dos 10 filmes brasileiros mais premiados, destacando suas histórias, prêmios e impacto na cultura nacional e internacional. Continue lendo e descubra quais são essas obras inesquecíveis do nosso cinema!
1. Central do Brasil
Este é, sem dúvida alguma, o meu filme nacional preferido de todos os tempos! Já assisti dezenas de vezes e me emociono em todas elas. Central do Brasil (1998), dirigido por Walter Salles, é um marco do cinema nacional. O filme acompanha a história de Dora, uma ex-professora que escreve cartas para analfabetos e se vê envolvida na jornada do jovem Josué para encontrar seu pai. Com atuações inesquecíveis, o longa venceu o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro e o Urso de Ouro no Festival de Berlim, além de garantir uma indicação ao Oscar para Fernanda Montenegro.
A magnífica Fernanda Montenegro concorreu ao Oscar de Melhor Atriz de 1999 por esse filme. Infelizmente, em mais uma das muitas injustiças cometidas pelo Oscar, ela perdeu a estatueta para Gwyneth Paltrow, por sua atuação no insosso Shakespeare Apaixonado. Inclusive, esta é considerada uma das maiores injustiças de toda a história do Oscar. Central do Brasil também concorreu na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, perdendo para o ótimo filme italiano “A Vida é Bela”. Embora o filme italiano também seja ótimo, eu afirmo sem clubismo algum que Central do Brasil é um filme melhor e mais universal.
Central do Brasil hoje pode ser assistido na Netflix, GloboPlay e Telecine.
2. Cidade de Deus
Dirigido por Fernando Meirelles e Kátia Lund, Cidade de Deus (2002) apresenta a trajetória de Buscapé, um jovem da favela carioca que encontra na fotografia uma saída para escapar da violência. O filme recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo Melhor Diretor e Melhor Fotografia, além de vencer o Bafta de Melhor Edição, consolidando-se como uma das produções nacionais mais influentes.
Além do reconhecimento no Oscar e no Bafta, Cidade de Deus conquistou mais de 55 prêmios ao redor do mundo, incluindo troféus no Festival de Toronto, no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro e no Independent Spirit Awards, onde foi premiado como Melhor Filme Estrangeiro. O longa se destaca por sua narrativa dinâmica e edição inovadora, que emprega cortes rápidos e flashbacks para contar a história da ascensão do crime organizado na favela carioca entre as décadas de 1960 e 1980.
A trama é baseada no livro homônimo de Paulo Lins, que por sua vez se inspirou em fatos reais para retratar a brutalidade e as complexas relações sociais dentro da comunidade. Com personagens marcantes, como Zé Pequeno e Mané Galinha, o filme equilibra momentos de violência e sensibilidade, mostrando as dificuldades enfrentadas por aqueles que tentam escapar do ciclo de criminalidade.
Cidade de Deus pode ser assistido na Netflix, Max e GloboPlay.
3. Carandiru
Carandiru (2003), dirigido por Hector Babenco, retrata a vida dentro do maior presídio da América Latina. A obra recebeu indicação à Palma de Ouro no Festival de Cannes e venceu prêmios nos festivais de Havana e Cartagena, trazendo uma reflexão sobre o sistema prisional brasileiro.
Além da indicação à Palma de Ouro no Festival de Cannes, Carandiru recebeu diversos prêmios em festivais internacionais, incluindo o Prêmio do Público no Festival de Havana, o Troféu Andorinha de Melhor Filme no Festival de Cinema de Cartagena, além de ter sido reconhecido no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em diversas categorias. O longa também foi selecionado como o representante brasileiro para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, consolidando-se como uma das produções mais emblemáticas do país.
A história de Carandiru é baseada no livro Estação Carandiru, do médico Drauzio Varella, que relata sua experiência ao realizar um trabalho de prevenção à AIDS no maior presídio da América Latina. O filme retrata o cotidiano dos detentos, abordando temas como superlotação, violência, solidariedade e sobrevivência dentro do sistema carcerário brasileiro. Com um elenco de peso, incluindo Rodrigo Santoro e Wagner Moura, a obra culmina no fatídico massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, quando uma operação policial resultou na morte de mais de 100 presos. A produção foi elogiada por sua abordagem realista e pela sensibilidade ao retratar a complexidade humana por trás das grades.
Carandiru pode ser assistido na Netflix, GloboPlay e Telecine.
4. Tropa de Elite
Lançado em 2007, Tropa de Elite, dirigido por José Padilha, também é um clássico do cinema brasileiro. NMão só pela ótima história e produção de qualidade, mas também pelos inúmeros bordões que o filme gerou. “Quem quer rir tem que fazer rir”; “Cada um que lamba a sua caceta” e “Bota na conta do Papa” são apenas algumas das frases geniais do filme.
Tropa de Elite aborda o combate ao tráfico no Rio de Janeiro pela ótica do BOPE. O filme recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim e o prêmio de Melhor Filme no Festival de Lisboa, tornando-se um dos maiores sucessos do cinema nacional, com uma continuação igualmente premiada.
Tropa de Elite pode ser visto na Netflix, Prime Vídeo, GloboPlay e Telecine.
5. Bacurau
Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, mistura elementos de suspense e crítica social ao narrar a história de uma vila que desaparece dos mapas. A produção venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes e conquistou destaque nos festivais de Lima e Munique, sendo reconhecida por sua originalidade e crítica política.
Além do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, Bacurau (2019) acumulou uma série de reconhecimentos internacionais, incluindo o prêmio de Melhor Filme no Festival de Munique, o prêmio de Melhor Filme Ibero-Americano no Prêmio Platino, além de ter sido ovacionado no Festival de Lima e exibido em eventos de prestígio como o Festival de Cinema de Toronto e o New York Film Festival. A obra também foi aclamada no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, vencendo em categorias como Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Montagem, consolidando-se como uma das produções mais impactantes da década.
A trama de Bacurau se passa em um futuro próximo e acompanha os moradores de um pequeno vilarejo no sertão brasileiro que, de repente, desaparece dos mapas. Aos poucos, eles percebem que algo estranho está acontecendo: drones sobrevoam a região, estrangeiros chegam ao local e assassinatos misteriosos começam a ocorrer. O filme mistura elementos de suspense, western e crítica social, trazendo à tona discussões sobre resistência, colonialismo e a luta por autonomia. Com um elenco estrelado, incluindo Sônia Braga e Udo Kier, Bacurau é uma obra de forte identidade cultural, retratando a força e a resiliência do povo nordestino diante de ameaças externas.
Atualmente, Bacurau pode ser assistido na GloboPlay e no Telecine.
6. O Pagador de Promessas
Além de ter sido o primeiro filme brasileiro a vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes, O Pagador de Promessas (1962) conquistou reconhecimento internacional, sendo indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, uma façanha inédita para o cinema nacional na época. A obra também recebeu prêmios no Festival de San Francisco, no Festival de Acapulco e no Festival Internacional de Cinema de Edimburgo, destacando-se como uma das mais aclamadas produções brasileiras. No Brasil, o longa foi amplamente premiado no Festival de Brasília, consolidando seu status como um marco do cinema nacional e influenciando gerações de cineastas.
Baseado na peça teatral homônima de Dias Gomes, O Pagador de Promessas conta a história de Zé do Burro, um homem simples do sertão baiano que faz uma promessa para salvar seu burro doente em um terreiro de candomblé. Após a recuperação do animal, ele decide cumprir sua promessa levando uma enorme cruz de madeira até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador. No entanto, sua devoção encontra resistência por parte da Igreja Católica, que se recusa a aceitar a promessa feita em uma religião de matriz africana. O filme aborda temas como fé, intolerância religiosa e desigualdade social, destacando-se pela atuação inesquecível de Leonardo Villar no papel principal. A produção é amplamente reconhecida por seu roteiro sólido, direção precisa de Anselmo Duarte e uma narrativa que toca em questões sociais relevantes e universais.
Atualmente O Pagador de Promessas pode ser visto no Telecine e GloboPlay.
7. O Auto da Compadecida
Este filme é um verdadeiro clássico da comédia brasileira. Inspirado na obra de Ariano Suassuna, O Auto da Compadecida (2000), dirigido por Guel Arraes, mistura humor e crítica social ao acompanhar as aventuras de João Grilo e Chicó. A produção conquistou o prêmio do Júri Popular no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, além de prêmios individuais para o elenco em festivais internacionais.
Além de seu sucesso no Brasil, O Auto da Compadecida (2000) conquistou reconhecimento internacional ao vencer o Prêmio do Júri Popular no Festival de Cinema Brasileiro de Miami, além de receber indicações em festivais de prestígio como o Festival de Havana e o Festival Internacional de Cinema de Viña del Mar, onde Matheus Nachtergaele foi premiado como Melhor Ator. No Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, a obra foi amplamente reconhecida, levando prêmios em categorias como Melhor Direção, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator. A adaptação cinematográfica da peça de Ariano Suassuna tornou-se um verdadeiro fenômeno cultural, com forte presença na TV e no streaming, alcançando públicos de diferentes gerações.
A história acompanha as peripécias de João Grilo e Chicó, dois nordestinos pobres e astutos que enfrentam desafios em sua luta diária por sobrevivência. Com uma mistura irresistível de humor, crítica social e elementos religiosos, a trama aborda temas como injustiça, esperteza e redenção, com a figura de Nossa Senhora, interpretada por Fernanda Montenegro, surgindo como a grande mediadora entre o céu e o inferno. O filme se destaca pelo seu humor afiado e pelo retrato fiel da cultura nordestina, utilizando diálogos ricos e um elenco carismático, composto por nomes como Selton Mello e Denise Fraga. O Auto da Compadecida é uma celebração da cultura popular brasileira, conquistando o coração do público com sua mensagem atemporal e cheia de humanidade.
O filme pode ser visto hoje na GloboPlay e no Telecine.
8. Cabra Marcado Para Morrer
Este documentário de Eduardo Coutinho começou a ser filmado nos anos 1960, mas só foi finalizado após a ditadura militar. Cabra Marcado Para Morrer ganhou reconhecimento em eventos como o Festival de Berlim, Tróia e Gramado, tornando-se um dos documentários brasileiros mais celebrados de todos os tempos.
Além de sua relevância histórica e cultural, Cabra Marcado para Morrer (1984) conquistou diversos prêmios internacionais, tornando-se um dos documentários brasileiros mais premiados de todos os tempos. A obra recebeu o Prêmio FIPRESCI no Festival de Berlim, o Golfinho de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Tróia e o prêmio Hors Concours no Festival de Gramado, além de ter sido amplamente aclamada pela crítica em festivais como o Festival de Havana e o Festival de Nova York, onde foi elogiada por sua abordagem sensível e contundente da realidade social brasileira.
Dirigido por Eduardo Coutinho, Cabra Marcado para Morrer narra a história de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado em 1962 por sua luta em prol dos direitos dos trabalhadores rurais no Nordeste brasileiro. O filme começou a ser rodado com a participação de camponeses da região, mas teve suas gravações interrompidas pelo golpe militar de 1964. Anos depois, Coutinho retomou o projeto e o transformou em um documentário que mescla ficção e realidade, explorando as mudanças sociais e políticas ocorridas ao longo das décadas. A produção é uma poderosa reflexão sobre desigualdade social, repressão política e resistência, sendo considerada uma das obras mais importantes do cinema brasileiro por seu valor histórico e pelo compromisso em dar voz aos excluídos.
Hoje o documentário está disponível na ClaroTV+ e no Telecine.
9. Que Horas Ela Volta?
Além de seu impacto social e cultural, Que Horas Ela Volta? (2015) recebeu diversos prêmios internacionais de prestígio, consolidando-se como uma das produções brasileiras mais aclamadas da década. O filme conquistou o Prêmio Especial do Júri de Melhor Atriz no Festival de Sundance, onde Regina Casé e Camila Márdila dividiram a honraria, e foi premiado com o Prêmio do Público de Melhor Filme na Mostra Panorama do Festival de Berlim, destacando-se entre as produções exibidas.
A obra também foi reconhecida no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, vencendo nas categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original. Além disso, foi indicado a importantes premiações, como o Satellite Awards, sendo selecionado pelo Brasil como representante para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.
Dirigido por Anna Muylaert, Que Horas Ela Volta? conta a história de Val, uma empregada doméstica pernambucana que trabalha há anos para uma família de classe alta em São Paulo. Sua rotina muda drasticamente quando sua filha, Jéssica, chega à casa para prestar vestibular e começa a questionar as barreiras invisíveis que delimitam as relações de poder e classe social no ambiente. O longa aborda de forma sensível e crítica a desigualdade social, a hierarquia entre patrões e empregados, além da busca por dignidade e autonomia das mulheres que vivem e trabalham em condições precárias. A atuação de Regina Casé foi amplamente elogiada por sua interpretação autêntica e emocionante, tornando Que Horas Ela Volta? uma obra fundamental para entender as complexas relações sociais do Brasil contemporâneo.
Atualmente o filme está disponível na Netflix.
10. O Cangaceiro
Além de seu enorme impacto cultural, O Cangaceiro (1953) conquistou reconhecimento internacional ao vencer o Prêmio de Melhor Filme de Aventura e Melhor Trilha Sonora no Festival de Cannes, destacando-se como um dos primeiros filmes brasileiros a alcançar notoriedade global. O longa foi exibido em mais de 80 países, tornando-se um verdadeiro fenômeno de bilheteria, especialmente na França, onde permaneceu em cartaz por cinco anos consecutivos. Além disso, recebeu prêmios em festivais como o Festival de Edimburgo, consolidando sua posição como um dos maiores sucessos do cinema nacional da época.
Dirigido por Lima Barreto, O Cangaceiro é inspirado na figura lendária de Lampião e retrata a vida dos cangaceiros no sertão nordestino, explorando temas como justiça, lealdade e traição. A trama acompanha a história de Teodoro, um membro do bando de cangaceiros de Galdino, que se apaixona por Olívia, uma professora raptada durante um dos ataques do grupo.
O conflito interno de Teodoro entre a lealdade ao grupo e seu desejo de fugir com Olívia conduz a narrativa a um desfecho emocionante e trágico. A trilha sonora do filme, composta por Zé do Norte, inclui a icônica música Mulher Rendeira, que se tornou um símbolo da cultura nordestina. Com sua estética inspirada no western hollywoodiano e sua abordagem épica das lutas sertanejas, O Cangaceiro é considerado um dos marcos do cinema brasileiro, influenciando gerações de cineastas e levando a cultura do sertão para o mundo.
O cinema nacional tem um legado de grandes conquistas e histórias inesquecíveis que emocionam públicos ao redor do mundo. Qual desses filmes brasileiros mais premiados é o seu favorito? Compartilhe suas opiniões nos comentários e continue acompanhando as novidades do cinema brasileiro!